:: Jesus Superstar em tempos de show da fé ::


(Sugestão de música para ouvir durante a leitura: "É proibido pensar", do João Alexandre)

Na visão de muitos líderes religiosos com síndrome de quantidade, se vivesse nos dias de hoje, Jesus seria um exemplo de ministério fracassado. Apenas 12 discípulos, sendo um traidor.

Mas Jesus quis poucos. Se o Bom Pastor quis qualidade, por que iria eu buscar algo diferente?

Para muitas celebridades gospel e líderes megalomaníacos da atualidade, se Jesus escolhesse um meio de transporte para exercer sua missão nos dias de hoje, andar de ônibus, usar uma bicicleta ou até mesmo ter um bom e compatível carro não seria condizente com as honrarias de um ungido de Deus. “O ungido de Deus merece o melhor!”, muitos diriam.

Mas Jesus quis um burrinho. Se o único ungido de Deus considerou ser melhor a simplicidade e utilidade para o Reino, por que iria eu almejar excentricidade e ostentação?

Na concepção de muitos marqueteiros da nossa era, se vivesse nos dias de hoje, Jesus dificilmente seria contratado por alguma empresa de propaganda e marketing. O Nazareno seria um exemplo de antipropaganda. Sua mensagem não seria atrativa e convidativa o suficiente para conquistar multidões.

Mas Jesus quis a Verdade; e a verdade não vende ilusões. Se Aquele que é o caminho, a verdade e a vida não vilipendiou a essência da boa notícia para atrair mais seguidores, por que iria eu querer alargar uma porta que já e, por si mesma, estreita?

Para muitos dos evangelistas de massa da nossa época, que transformaram Jesus num produto enlatado, se pregasse as boas novas nos dias de hoje, o Salvador seria retrógrado, pouco expressivo e certamente não bateria as metas financeiras para manter o programa de TV no ar.

Mas Jesus quis relacionamentos; enquanto se relacionava com pessoas, a boa nova era anunciada – e vice-versa. Se até Aquele que é em si mesmo o Evangelho privilegiou o sentar à mesa e o olhar nos olhos, por que iria eu desejar enlatar o Mestre e colocá-lo numa prateleira de supermercado?

Na cabeça de muitos especialistas em RH e coaches brilhantes modernos, se fosse um líder nos dias de hoje, Jesus teria escolhido mal a sua equipe. Dos 12 selecionados, um traidor e vários outros não intelectuais, nada influentes e sequer bem-vistos na sociedade. "O carpinteiro escolheu mal, pois não utilizou as melhores técnicas de seleção de pessoal", diriam eles.

Mas Jesus quis quem quis, inclusive um traidor; quis amá-lo e andar com ele, tendo inclusive se submetido a ser traído com um beijo na face. Se até o Rei dos Reis teve numa traição a porta de entrada para o ápice da sua missão, por que iria eu esperar adentrar por uma porta menos honrosa?
No ideário humano, o verdadeiro líder é o maior, o primeiro, o que se impõe, o que aparece, o que recebe honrarias, o que tem status, o que é servido, o que quer ser sempre ouvido, o que não assume fraquezas e medos.

Na mente de Deus, o verdadeiro líder é o que se faz menor, o que se coloca por último. Não é autoritário, não se impõe pela força. Não busca aparecer, trabalha em silêncio, sempre destina toda honra e glória ao Pai, que faz tudo em todos. O líder segundo o coração de Deus é simples, não é orgulhoso. Assume a função de servo: está sempre disponível a quem precisa e anseia mais ouvir do que ser ouvido. Quem busca imitar o Cristo está sempre disposto a se entregar como o Filho se entregou e simplesmente não consegue não conversar com o Pai sobre seus desafios e medos, como o Filho conversou.

Talvez a pergunta que nossa geração de cristãos extravagantes e deturpadores de valores bíblicos tenha que se fazer hoje em dia não seja tanto mais “o que Jesus faria?”, mas sim “o que o Jesus da Bíblia certamente não faria?”. Talvez seja o momento, em tempos de um Jesus Superstar celebrando o show da fé, de dar alguns passos atrás, não apenas para voltar a andar pra frente, mas para voltar a trilhar o apertado caminho proposto pelo Mestre.

Se Jesus cumpriu sua missão de maneira tão bela e singela, por que iríamos nós querer tentar passar nossa maquiagem barata e esmaecer a beleza tão singular já existente na natureza da missão que Ele nos confiou?

Não sei... mas fato é que tem muita gente querendo.

Por Fernando Khoury

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