"Orai sem cessar."
I Tessalonicenses 5.17
"Perseverem na oração, estejam em alerta e sejam agradecidos."
Colossensses 4.2
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu único Filho para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna."
João 3.16
Às vezes sinto como se minhas
orações não passassem do teto. Teto mesmo, concreto. Como se um sentimento, um
pensamento ou qualquer outro elemento imaterial pudesse ser interrompido em seu
curso pelo que é material. Ou como se a oração tivesse mesmo que seguir um
curso até chegar ao destinatário final – Deus.
A impressão que dá é que a oração
sai do coração e, independente de ser verbalizada ou não, bate no teto e volta.
Ou às vezes nem chega até o teto. Por algum motivo, não seguiu seu curso até o
céu... e, consequentemente, não chegou até Deus. Afinal de contas, Deus está no
céu! E se a minha oração não chegou até o céu, também não chegou até Deus. Deus não ouviu. Ou, então, se ouviu, não
mostrou que ouviu. Como se eu estivesse a falar sozinho por alguns minutos com
alguém ao telefone e, do lado de cá da linha, não tivesse ouvido um som sequer
do lado de lá, nenhuma confirmação de que minha voz estivesse sendo de fato
ouvida ou percebida.
Alguma vez você já se sentiu
assim?
Se sua resposta for positiva,
gostaria de me juntar a você. Gostaria de me identificar com você que, assim
como eu, já se sentiu ou tem se sentido como se estivesse jogando palavras ao
léu, mas, apesar das circunstâncias, não desistiu de orar do lado de cá da “linha”.
Independente de sentir ou não a receptividade de Deus, você continua, pois sabe
no íntimo que não consegue viver sem conversar com seu Pai.
Uma das potencialidades mais
admiráveis que nos foi concedida na criação foi a possibilidade de, enquanto criaturas, não apenas nos
comunicarmos diretamente uns com os outros, mas também com o Criador de nossas
vidas. Seres limitados, efêmeros, mutáveis e temporais dotados da possibilidade
de conversar inteligivelmente com o único Absoluto, Eterno, Imutável e
Atemporal. Os filhos podem conversar com o Pai. Os filhos podem conversar com o
Filho. Os filhos podem conversar com o Espírito Santo. Os filhos devem
conversar com Deus.
Um Deus trino que, mesmo sendo
todo-poderoso, glorioso, autossuficiente e pleno em si mesmo, abre seus ouvidos
e estende seus braços de amor a criaturas tão frágeis, pequenas, carentes e
incompletas como nós. Um Deus pessoal e carinhoso que nos acolhe em nossa fraqueza
e insignificância. Um Deus atento às nossas dores físicas e psíquicas. Um Deus
sensível às lágrimas do corpo e ao vazio da alma.
Mas do que adianta tamanha
potencialidade se minhas orações não têm passado do teto?!
Talvez eu sinta que minha oração
não esteja passando do teto por pecados que esteja cometendo. Talvez eu não
esteja sentindo a receptividade de Deus pela dureza do meu próprio coração. Talvez
o meu “teto” seja o pecado que eu deixei de confessar, o perdão que eu deixei
de liberar, o amor que desisti de doar, o próximo de quem desviei meu olhar. Se
for uma dessas causas, devo me deixar tratar e transformar por esse Deus que me
ama, a fim de restabelecer a comunicação que foi obstruída por minha própria
causa.
Mas talvez o meu “teto” não seja
nada disso. Talvez simplesmente não seja a hora de sentir. Talvez simplesmente Deus
queira que eu aprenda a não deixar minhas crenças serem guiadas de acordo com
as sensações ou sentimentos que vivencio. Porque as sensações oscilam e podem
me trair.
Vivemos uma ditadura dos
sentidos. Valoriza-se mais o sentir do que o aprender. Busca-se mais ter
experiências sensoriais e emotivas com Deus do que de fato conhecê-lo, estudar
sua Palavra e deixar-se ser guiado e transformado por ela. Assim vive grande
parte dos seguidores de Cristo hoje em dia: conformam o Cristo que seguem
àquilo que sentem, e não aquilo que sentem ao Cristo que seguem. Os seguidores
de Cristo estão seguindo suas emoções. As ovelhas trocaram seu Bom Pastor pelas
suas prazerosas sensações.
Nós, do lado de cá da “linha”,
não devemos guiar nossa crença em Jesus pelas sensações. Se você está sentindo
que sua oração não tem chegado até o céu, lembre-se: as orações que fazemos
nunca precisaram chegar até o céu, porque o Deus que eu e você servimos desceu
do céu para vir até nós. Deus não está no céu; o céu está em Deus. E Deus está
ao seu lado. O Espírito Santo habita em você. Ele venceu a distância e barreira do pecado para nos alcançar. O
“teto” que separava já não separa mais. Continue orando. Não desista de
conversar com o Pai, quer você sinta, quer não. Pois nunca se tratou do que você sente, mas
sim do profundo amor que Cristo sempre sentiu e demonstrou por você.
Por Fernando Khoury
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