“Vocês nem sabem o que
lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece
por um pouco de tempo e depois se dissipa.”
Tiago 4.14
“Senhor, que é o homem
para que te importes com ele, ou o filho do homem para que por ele te
interesses? O homem é como um sopro; seus dias são como uma sombra passageira.”
Salmos 144.3-4
Frágil. Todo ser humano deveria
vir com um adesivo colado em seu corpo contendo aquele tão antigo e conhecido
alerta descrito nas caixas de papelão: "CUIDADO! FRÁGIL. MANTER LONGE DO
FRIO E CALOR. SUJEITO A QUEBRAS E RANHADURAS".
Somos sujeitos às intempéries da
vida. Suscetíveis à solidão, à depressão e ao sofrimento. Fracos e sedentos
diante do intenso e desconfortável calor do deserto. Sensíveis a palavras,
ofensas e atritos. Vulneráveis a tudo e a todos. Tudo na criação pode nos
atingir. Todas as criaturas possuem o poder de nos diminuir.
FRÁGIL. Essa é a nossa realidade.
Não importa o cargo profissional que você ocupe, a posição social que você
ostente ou quão inatingível você se sinta por qualquer outro tipo de orgulho
alimentado em seu interior: você continua sendo um vapor que aparece por um
breve instante e logo se desvanece (Tiago 4.14).
Tipos de orgulho são tipos
abertos, sutis, altamente flexíveis e facilmente moldáveis a qualquer situação.
Seja você rico ou pobre, sinta-se você bonito ou feio, julgue-se você religioso
ou não, o orgulho é uma espécie maquiavélica de célula-tronco que nunca para de
agir e se reproduzir em nós: a todo instante, é capaz de se transformar e de se
replicar em qualquer “tecido” do nosso ser, ocultando dos nossos sentidos o clamor
da intrínseca e gritante fragilidade que habita em nós.
É verdade. O orgulho possui esse
estranho poder de esconder nossa frágil natureza de nós mesmos; de obscurecer
nossa real dependência de um único Alguém que possa suprir plenamente as
carências que sentimos. O orgulho mente descaradamente para nós. Como um anjo
de luz, nos faz acreditar que somos tudo e, porque acreditamos que somos tudo,
acreditamos que podemos tudo... quando, na verdade, não passamos de uma sombra,
de um sopro (Salmos 144.3-4).
Reconhecer a impossibilidade de
se bastar a si mesmo já é um grande passo, pois romper com o orgulho é sempre passo
difícil de ser dado. É, no mínimo, ser sincero consigo mesmo. É assumir que um
sopro, por mais ensimesmado que seja, jamais pode se ver como furacão, pois sopros
não possuem existência própria. São sempre provenientes de um outro Alguém.
Reconhecer-se como sopro, portanto, é começar a encontrar a própria origem; é
descobrir de onde partimos e a quem pertencemos.
O sopro que eu sou não foi
proveniente de mim mesmo ou do acaso. Deus me formou do pó da terra, e soprou
em minhas narinas o sopro da vida. Foi através do fôlego de Deus que eu e você
nos tornamos almas viventes (Gênesis 2.7). Só temos vida porque Deus, em amor,
decidiu soprar o Seu próprio fôlego de vida em nós. Somos sopro de Deus, dEle
viemos e a Ele pertencemos.
Porém, o sopro assoprado para ser
eterno se ensimesmou, abandonou sua origem dependente e quis se tornar furacão.
Cegado pelo orgulho, se esqueceu de que furacões não existem sem ventos, e ventos
não existem sem sopro, e sopro não existe sem um pulmão que respire vida e
comunique o seu próprio fôlego ao que não tem fôlego de per se. O sopro gritou “independência ou morte”, perdeu o fôlego e
morreu.
O sopro que era eterno, pleno e saudável
– pois ligado à videira – tornou-se fugaz, vazio e doente. Tudo porque a real
percepção de si mesmo foi obscurecida pelo orgulho, e pelo orgulho nasceu o
pecado, e do pecado veio a separação entre sopro e pulmão, e da desunião entre
sopro e pulmão, a morte.
Mas Deus voltou a soprar. O
fôlego de vida fez-se sopro para a morte derrotar. Soprou-se a si mesmo, suportou
a morte em meu lugar.
E, agora, felizes, os sopros
podem, livres, ao pulmão retornar. Pois Jesus fez-se sopro incorruptível, para
que os sopros corruptíveis regressassem ao verdadeiro lar. O pulmão é Deus, e
sem ele não se pode respirar.
Pare de utilizar aparelhos
artificiais de respiração. Respire Jesus, pois só o sopro dEle pode te dar a
salvação.
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Que texto belíssimo. Uma poesia em forma de texto.
Carecemos de escritores cristãos sensíveis.
Gosto de textos assim que misturam uma escrita comum com poesia. Parabéns! Deus o abençoe! Fui edificado!