:: Pensei no meu filho e criei forças ::



“E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol.”
Lucas 23.44



Hoje foi um dia incomum. Pelo menos para quem mora no Rio de Janeiro, hoje foi mesmo um dia atípico. Durante todo o dia, não conseguir ver sequer um raio de sol atravessando as nuvens, nenhum passarinho cantando, nenhum sinal de vida brotando da natureza, nenhuma cor alegre refletindo no horizonte… É verdade, hoje foi um dia um pouco sombrio; um dia em que o sol não apareceu. Talvez, por isso, um dia propício à reflexão.

Foi num clima assim — um pouco frio e bastante cinzento — que, de tarde, ouvindo um forte e constante barulho de chuva do lado de fora da janela, resolvi acessar a internet para ler algumas notícias. Abri o site, mas não consegui ler mais do que uma notícia, pois meus olhos, como um objeto de metal atraído irresistivelmente pela força magnética de um imã, pararam fixamente na primeira manchete do jornal on-line, que dizia:
“PENSEI NO MEU FILHO E CRIEI FORÇAS
Mãe arrastada pela enxurrada em SP conta como escapou da morte”.
A reportagem tratava da gigantesca enchente que assolou a cidade de São José do Rio Preto, em São Paulo, no ano de 2010, transformando uma simples rua num verdadeiro rio caudaloso, que arrastou consigo várias pessoas que por lá transitavam, quase levando-as à morte. Uma dessas pessoas era Gisele, mãe viúva de uma criança de 6 anos.

Gisele foi arrastada violentamente pela enxurrada, e chegou a ficar desaparecida por mais de dois minutos, pois estava presa embaixo de um carro atolado na imensidão de água. Após muito esforço, e quase tendo sucumbido à morte, Gisele conseguiu erguer a mão, ainda com o rosto sufocado e submerso, e, assim, chamar a atenção de alguns voluntários para salvá-la.

Depois de resgatada, ao ser questionada de onde teria vindo tamanha força interna para resistir, a mãe em prantos desabafou:

Pensei no meu filho, porque ele perdeu o pai faz dois anos, e pensei que não podia deixá-lo só, tinha que lutar pelo menos por ele. Foi quando eu criei forças e consegui erguer a mão para alguém me ver”.

E foi justamente essa declaração que me fez refletir.

Fico pensando, comigo mesmo, se não foi exatamente esse um dos sentimentos — ou talvez o principal sentimento — que encorajou e motivou Jesus a vencer as tentações, a humilhação, o sofrimento, o medo e a dor da terrível morte de cruz que se aproximava.

Consigo imaginar Jesus — no ápice de seu sacrifício cósmico, quando, aflito, clamou em tom contundente: “Pai, afasta de mim esse cálice, mas seja feita a sua vontade” — sendo movido internamente pelo mesmo sentimento que moveu aquela mãe desesperada. Consigo visualizar o coração de Jesus pulsando com o amor de Deus Pai pelo meu nome, batendo pelo seu nome, e dizendo:
PENSEI NOS MEUS FILHOS E CRIEI FORÇAS… Pensei nos meus filhos, porque eles se perderam do Pai faz muito tempo, e pensei que não podia deixá-los sozinhos. Eu tinha que lutar por cada um eles. Foi quando eu criei forças e consegui erguer a minha voz, para que o Pai fizesse a sua vontade… Pensei no amor que sinto pelos filhos que o Pai me confiou, para que eu criasse forças de morrer no lugar de cada um deles, para sofrer em meu próprio corpo o castigo que lhes traz a paz eterna e, assim, restabelecer o contato e a intimidade que, um dia, eles tiveram com o Pai ”.
Assim como aquela mãe viúva, o que motivou Jesus a prosseguir em seu objetivo foi a vida do filho e o amor incondicional por ele. Contudo, há uma grande diferença entre o resultado que esse sentimento de amor produziu em relação à mãe e em relação a Jesus.

De fato, para a mãe, o amor ao filho gerou forças para sobreviver e escapar da morte. Para Jesus, o amor ao filho gerou forças para morrer e vencer a morte. A mãe “escolheu viver” porque o filho havia perdido o pai; porque era humanamente impossível trazer um pai morto de volta ao seu filho. Jesus escolheu morrer porque os filhos haviam se perdido de seu Pai; porque era divinamente possível e desejável trazer os filhos mortos em seus delitos e pecados de volta à vida de intimidade com seu Pai.

Sim, eu e você estávamos espiritualmente mortos, porque, um dia, abandonamos o Pai. E, por causa do nosso pecado, perdemos a plena comunhão que tínhamos com Deus. Equivocadamente, muitas pessoas acreditam não apresentar pecado ou, muitas vezes, nem sabem direito o que significa pecar…mas pecado é apenas isso: um estado interno de rebeldia e de separação do cuidado e do amor de Deus, que todo ser humano voluntariamente apresenta em seu coração. Pecado não é simplesmente um ato, mas uma manifestação externa de uma prévia disposição interna.

Com um amor muito mais profundo e um grito muito mais sofrido do que o daquela mãe, Jesus escolheu nos resgatar ao amor de Deus. Como? Através de sua morte e ressurreição. Jesus veio restaurar justamente esse elo perdido com o Pai. Ele pagou o preço do nosso pecado — a morte — em nosso lugar. O justo pelos injustos. O santo pelos pecadores. Jesus morreu a nossa morte para que nós pudéssemos viver a sua vida.

Foi há dois mil anos atrás, num dia como hoje — em que o sol se escureceu, deixando o clima cinzento, frio, sombrio e sem cor — que Jesus morreu. Morreu por mim, morreu por você, para que um dia o sol voltasse a brilhar, e, assim, nós pudéssemos voltar a sentir o calor, a alegria, o esplendor e a expressão viva do amor do Pai. Esse dia se chama hoje. Por isso, pare de perder tempo. Pare de abandonar o Pai. Pare de dar as costas para aquele que sempre pensou, e continua pensando, em você.
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“Disse Jesus: amem uns aos outros como eu amo vocês. Ninguém tem amor maior que este: de dar alguém a sua própria vida pelos amigos.” – João 15.12

“Se vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está no céu, dará coisas boas aos que lhe pedirem!” – Mateus 7.11

“Quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram!” – Mateus 23.37

“E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol.” – Lucas 23.44

9 Responses
  1. Anônimo Says:

    Lindo texto, Fernandinho! Nós ainda não conseguimos enxergar verdadeiramente o AMOR de DEUS por nós, porque se enxergássemos, sentiríamos constrangimento por nossos pecados...E é exatamente isso que falta: constrangimento! Só assim poderemos nos arrepender e nos render aos braços de JESUS!


  2. Danilo Says:

    Muito legal Fernando! Gostei da casa nova também!


  3. Roberta Lima Says:

    Fernando,

    Belo post...não só pela mensagem em si, mas pelo fato de você ter conseguido enxergar dentro de uma notícia, ainda que incomum, de nosso cotidiano, algo ainda mais incomum...o soprar da voz do Pai ao seu coração manifestando uma faceta de Seu amor que é tão imenso e que não conseguimos plenamente entender, mas tão somente aceitar e tentar ao máximo vivenciar...

    Continue sempre escrevendo...

    Abraços,

    Roberta


  4. Irmão Fernando, é realmente uma mensagem muito boa, e espero que muitos a possam ler e crescer no verdadeiro amor, e cheios de amor.


  5. Olá Fernando, gostei muito do texto! É maravilhoso como podemos encontrar Deus em lugares inesperados.
    Que Ele continue te inspirando.
    Fica na paz,
    Jubyss


  6. Anônimo Says:

    Olá amado irmão Fernando, adorei conhecer seu blog!
    E que mensagem linda para começar bem o dia... Para ter bom animo e viver mais um dia na presença do Senhor!


    Paz!


  7. Belo texto. Somente um amor tão grande, tão sublime, tão excelso poderia transformar o mundo.

    O amor de Cristo é superno, é tão indizível que não há forma de o compreendermos com a nossa razão humana e simplista.


  8. Muito bonita a postagem... realmente conseguimos ver em algumas coisas conseguimos ter alguma noção do que Jesus fez por nós... mas claro é só uma noção...

    Fica na Paz com Deus...


  9. Unknown Says:

    Boa postagem! Deus abençõe seu chamado.


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