:: De mudança ::
Eu moro numa casa muito luxuosa com minha família. O valor do aluguel que meus pais pagam é bem alto, mas isso não importa muito, pois meus pais têm condições de pagar o preço exigido. Além do mais, lá tem tudo que eu preciso e não preciso. São tantas as facilidades que o dono do imóvel nos ofereceu para alugarmos sua casa, que não damos conta de usar nem a metade!

De todas as coisas que possuo, do que mais gosto mesmo é do meu bichinho de estimação: um cachorro Beagle marrom lindo que eu ganhei quando tinha 11 anos. Ele se chama Max. Quem me deu foi o dono do imóvel, o Sr. Almeida, antes de assinarmos o contrato de aluguel de sua casa. Lembro-me como se fosse hoje dele dizendo:

- Eu aceito alugar minha casa com uma condição: você terá que aceitar o cachorro que vou te dar e terá que cuidar muito bem dele. Você terá que ficar com ele pro resto da sua vida. E jamais poderá abandoná-lo, de modo que todos que te virem com o cachorro saberão que você mora na minha casa.

Achei estranha a condição estabelecida, mas prontamente respondi:

- Claro que aceito! Afinal, mesmo que não gostasse de cachorro, não faria com que meus pais deixassem de alugar uma casa que parece ser tão linda e luxuosa como a sua por causa disso.

Desde então, Max se incorporou definitivamente à minha vida. Fiz questão de cumprir fielmente o acordo que firmei com o Sr. Almeida: levei Max pra tomar todas as vacinas, dei banho nele sempre que precisava, o levei pra passear todos os dias... Enfim, Max e eu viramos verdadeiros amigos. Já estamos há tanto tempo juntos que ele já faz parte de quem sou.

Hoje, eu já tenho 26 anos, e Max continua ao meu lado, morando na mesma casa alugada de quinze anos atrás. Só que algumas coisas mudaram. Não temos mais a paz que tínhamos antigamente. Só temos brigas e problemas. Todo o luxo da casa do Sr. Almeida se transformou em lixo. É como se as facilidades que o Sr. Almeida nos ofereceu, junto com a linda casa, estivessem nos sufocando a ponto de perdermos o ar. Pra piorar, o valor do aluguel chegou a um preço alto demais, que meus pais não aguentam mais pagar, mesmo que se esforcem muito. Sem saber, meus pais estão carregando um piano nas costas.

Na verdade, meus pais já tinham até começado a procurar um imóvel mais simples e mais barato, quando o Sr. Almeida – cada vez mais exigente, irritado e com medo de nos perder – fez uma proposta irrecusável:

- Eu vou diminuir um pouco o aluguel! exclamou ele. Não posso perder vocês! Farei de tudo para vocês não abandonarem o Max. Reconheço que o preço aumentou muito nesses últimos anos, e está pesado demais para vocês. Se aceitarem minha proposta agora, darei pra vocês muito mais luxo e facilidades.

A alegria foi instantânea. Meus pais – se esquecendo momentaneamente do fardo que estavam carregando – já estavam prontos para aceitar a nova proposta, quando o telefone toca. Quando ouviu o som do telefone tocando, o Sr. Almeida ficou nitidamente tenso, e fez de tudo para impedir que atendêssemos, como se soubesse quem estava nos ligando. Ele queria que assinássemos o novo contrato antes de atender ao telefone e, por isso, cuidou logo de arrumar uma caneta para meu pai. Mas meu pai, mesmo com a caneta já em sua mão, pediu pra eu atender logo a ligação. Corri então para atender ao telefone, que já tocava insistentemente há um bom tempo. Para minha surpresa, ouço a voz de um homem desconhecido oferecendo o inimaginável:

- Oi, disse o homem em voz mansa, eu sei que vocês estão procurando uma casa para alugar. Eu tenho um imóvel para lhes oferecer. É simples, mas posso lhes assegurar que tem o estritamente necessário para que vocês vivam em paz.

- Que bom! Mas não vamos precisar mais não, porque estamos acertando a renovação do nosso contrato neste exato momento. De qualquer forma, só para saber, qual seria o preço? Seria muito caro? perguntei eu.

- Não! Não renovem esse contrato. Vocês não sabem o que estão fazendo. Quanto ao valor do aluguel, vocês não precisam se preocupar. O preço é por minha conta. O aluguel é de graça! Só vou pedir uma coisa em troca: vocês terão que abandonar o cachorro de vocês.

- O Max?

- Sim, o Max.

- Que absurdo! O Max já faz parte de nossas vidas...ele está conosco há mais de quinze anos, já criamos amor por ele. Ele já faz parte de nós.

- É, eu sei. E é justamente por isso que eu quero que abadonem o Max. Vocês não poderão mais cuidar dele, nem passear com ele. Vocês não poderão mais alimentá-lo, nem viver com ele. Vocês não poderão mais ser amigos dele.

- Mas por quê? Por que isso?

- Porque eu faço questão que vocês morem em minha casa. E na minha casa não pode entrar nenhum bicho de estimação, seja de quem for.

- Que loucura! Quem você pensa que é pra fazer uma exigência dessas?

E o homem disse:

- Antes de saber quem sou, vocês precisam saber quem são verdadeiramente as pessoas que estão ao seu redor. O Sr. Almeida, o dono do imóvel que vocês alugam, é o diabo. O Max, o bicho de estimação que já se incorporou à sua vida, é o seu pecado. E eu...eu sou Jesus, aquele que está te oferecendo uma nova casa, repleta de paz e santidade. Mas só farei isso se você estiver disposto a abandonar seu bicho de estimação, pois na minha casa o pecado não pode ficar. A escolha é sua. O preço eu já paguei. Agora, só depende de você.



Por Fernando Khoury
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